
De olhos meigos e andar tranquilo, a capivara parece um animal inofensivo à primeira vista. Com seu comportamento calmo, é comum vê-la tomando sol à beira de lagos, caminhando em grupo ou até cruzando parques urbanos. Mas será que a capivara é realmente tão pacífica quanto aparenta? Entender seus hábitos e instintos é essencial para garantir uma convivência segura e consciente, especialmente em áreas onde o contato com humanos se torna cada vez mais frequente.
Capivara: aparência dócil, mas com limites claros
Apesar da fama de simpática, a capivara é um animal silvestre e, como tal, carrega instintos que devem ser respeitados. Ela é o maior roedor do mundo, podendo atingir até 80 quilos, com uma mandíbula potente capaz de machucar, se necessário. No entanto, ataques são raros e geralmente motivados por situações de estresse, defesa territorial ou proteção de filhotes.
As capivaras vivem em bandos e têm uma estrutura social bem definida. Quando sentem que essa estrutura está ameaçada — por aproximações bruscas, toques inesperados ou perseguições —, podem reagir com agressividade. O problema é que, em ambientes urbanos, muitas pessoas confundem a mansidão com domesticação e se aproximam sem os devidos cuidados.
Quando a aproximação pode ser perigosa
O principal risco no contato com a capivara não está no comportamento agressivo, mas na possibilidade de transmissão de doenças. A mais preocupante é a febre maculosa, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, que é transmitida pelo carrapato-estrela (Amblyomma sculptum), parasita comum nesses animais.
Ao circular por áreas de mata ou margens de rios onde vivem capivaras, pessoas podem ser picadas por carrapatos infectados, correndo risco real de desenvolver a doença, que pode ser fatal se não tratada rapidamente. Isso não torna a capivara a vilã da história, mas evidencia a necessidade de precaução.
Como observar capivaras com segurança
O segredo para uma boa convivência está na distância. Observar sim, interagir não. Manter pelo menos 2 metros de distância evita estresse no animal e minimiza o risco de contaminação por parasitas.
Evite tocar, alimentar ou tentar tirar fotos muito próximas. Capivaras podem até parecer tranquilas, mas movimentos bruscos ou o ato de se sentir encurralada pode despertar comportamentos imprevisíveis. Além disso, ao alimentá-las, você interfere em seus hábitos alimentares naturais e favorece a dependência humana.
Capivaras em parques urbanos: o que fazer?
Em muitas cidades brasileiras, como Campinas, Brasília e Belo Horizonte, bandos de capivaras se tornaram parte da paisagem urbana. Essas populações se adaptaram à presença humana, mas não perderam suas características selvagens.
Prefeituras e órgãos ambientais vêm adotando medidas como cercamentos seletivos, controle populacional e campanhas de conscientização. O ideal é que a população também faça sua parte: respeite cercas, não tente interagir e informe autoridades caso perceba comportamentos anormais nos animais — como agressividade ou ferimentos visíveis.
Os sinais de alerta que você deve conhecer
Capivaras não emitem alertas sonoros antes de atacar, mas podem demonstrar desconforto com mudanças de comportamento: postura rígida, dentes à mostra ou recuos sucessivos são sinais claros de que se sentem ameaçadas. Ao perceber qualquer uma dessas atitudes, afaste-se lentamente e evite o contato visual direto.
Filhotes com adultos por perto também pedem cuidado redobrado. A mãe pode se tornar mais protetiva e reagir com mordidas se acreditar que seus filhotes estão em perigo.

Educação ambiental é a melhor forma de prevenção
Mais do que temer as capivaras, é preciso entender sua importância no ecossistema. Elas ajudam na manutenção de áreas alagadas, controlam o crescimento de vegetações aquáticas e são alimento para predadores naturais. A convivência saudável exige empatia, conhecimento e responsabilidade.
Programas de educação ambiental em escolas, placas informativas em parques e campanhas em redes sociais podem transformar a forma como as pessoas interagem com esses animais. O respeito à fauna é um sinal de maturidade social.
Conviver com respeito é a chave
A resposta à pergunta “capivara é perigosa?” não é simples. Em geral, não. Mas como qualquer animal selvagem, ela merece respeito e distância. O perigo não está no animal em si, mas na falta de informação e no comportamento humano inadequado. Conhecer, respeitar e preservar são os melhores caminhos para garantir que encontros com capivaras continuem sendo momentos de admiração — e não de tensão.
Por: Redação Revista Amazônica